11.11.06

A primeira vez


Foi mais ou menos assim... Quando ele nasceu, no exato momento, eu estava fora da sala...
A bolsa rompeu as 6 horas da manhã, quando o despertador tocou para a violeta ir para a escola. Tudo estava conforme o combinado. Eu já sabia o que tinha que fazer. Chamamos a Lucia, nossa doula maravilhosa. Ficamos em casa até as contrações aumentarem. Então decidimos ir para o hospital.
A chegada no hospital foi difícil. Os procedimentos de rotina quando uma mulher chega em trabalho de parto são terríveis. Deixam ela deitada por 20 minutos para checar o coração do nenem, fazem exames invasivos e intimidatórios, dizem que soro e vacinas são obrigatórios e recomendados pelo ministério da Saúde.
Mas superada esta primeira etapa, nos encaminharam para a outro local onde fomos tratados de acordo com a filosofia do parto alternativo. Eu fiquei o todo o tempo ao lado da Coraci, ajudando a suportar a dor das contrações e a conseguir força para irmos até o fim.
Infelizmente as coisas não se desenrolaram conforme o esperado. O Martí era muito grande, a dilatação não foi suficiente, a Coraci já não aguentava mais as dores e 10 horas depois os batimentos cardíacos dele começavam a diminuir. A médica então chamou sua equipe e decidiu fazer uma cesária de emergência para salvá-lo.
A frustração do nascimento não ter sido como o planejado e esperado por 9 meses,
foi inevitável, mas quando eu me encontrei com ele, alí na sala de banho mesmo, tudo fez sentido. Percebi então que todos os esforços estavam voltados para garantir a vida dele e da mãe.
Coraci está no hospital ainda. Tenta descansar num quarto coletivo com mais 7 mulheres e 7 nenens. É o preço de que se paga por optar por um hospital público. Mas apesar disto, sinto que fizemos a decisão certa. Fico muito feliz do meu filho ter nascido na Unicamp, de ter usufruido do sistema público de saúde, que apesar da evidente carência de recursos, é de qualidade e confiável.

Viva Marti!

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